quarta-feira, maio 30, 2007

Estação de Barca d `Alva (o que resta)



Esta é uma imagem triste. Sou um apaixonado pelos comboios e encontrar estações abandonadas e vandalizadas deixa-me desolado. Para mais quando se tratam de estações que, outrora, viviam do corropio de pessoas e mercadorias e que acabaram por elas, por si só, representarem as vilas, cidades ou aldeias que as rodeiam. É o caso de Barca d`Alva, à beira do Douro, encostado a Espanha e na linha imaginária entre a Beira Alta e Trás-os-Montes. Quantos chefes de estação já não terão passado dias e noites de tormenta naquelas salinhas geladas. Quantos bilhetes não terão sido vendidos, quantas despedidas não terão sido seladas com lágrimas, quantos viajantes não embarcaram rumo à Régua ou ao Porto, à procura de uma vida melhor. Quantas mensagens foram transmitidas através dos fios serra acima, serra abaixo, por vezes para dar a notícia da morte de um filho amado no Ultramar. Quantos amores e desamores assistiram as paredes, os azulejos, o cimento do chão, a madeira dos telheiros, o ferro dos carris, o azul do rio. Quantos trabalhadores terão morrido a arrebentar com montes e arribas por esse país fora, só para colocar uns carris que pudessem levar alguma qualidade de vida aos locais mais inóspitos. O país está pejado de 'Barcas d`Alva', abandonadas, tristes, maltratadas, devoradas pela ganância política e empresarial. É pena, é muita pena. Uma estação recuperada representa uma vila recuperada. Agarra a população jovem, atrai turismo. E Barca d`Alva merece isso, as suas gentes merecem mas, acima de tudo, a memória dos que por lá deram o litro merece. Talvez um dia...

quarta-feira, maio 09, 2007

A C15 na neve



Foto de Janeiro de 1998. Era bem mais magro, estava no segundo ano na Universidade Independente (que para pena minha vai fechar...) e as companhias eram outras. Esta fotografia foi tirada perto da Torre, na Serra da Estrela e a piada está na C15. Sempre gostei de tirar fotos ao pé dos carros que conduzo na minha vida e esta é uma das imagens mais originais daquela bela Citroen, que me levou a muitos sítios, em Portugal e Espanha. XF-62-74 era a matrícula, tinha o sinal de '80' na traseira e de vez em quando aquecia demais. Mas era uma boa companheira. Foi o 'meu' primeiro carro. E isso nunca esquecerei (continuo a sonhar com uma C15 Mutante, as caravan amovíveis).